sábado, 9 de fevereiro de 2019

[CINEMA] Dumplin


Daqueles longas, tipo sessão da tarde, que você tem vontade de assistir mil vezes, só para ficar com aquele sorrisinho bobo no rosto, mas se engana quem pensa que vai ser mais um clichê de uma adolescente preocupada com o corpo, tentando se encaixar nas imposições da sociedade padrão. Dumplin é a adaptação da obra homônima de Julie Murphy, livro publicado no Brasil pela Editora Valentina (disponível na Amazon com 50% de desconto e de graça no Unlimited).

O enredo vai sendo conduzido através dos ensinamentos e lembranças da Tia Lucy, personagem que tem papel fundamental no desenvolvimento da personalidade da sobrinha Willowdean Dickson, uma adolescente gorda e filha de ex-miss. Will é bem resolvida com o corpo, não tenta se encaixar a qualquer custo nos padrões de beleza impostos pela sociedade, mas lá no fundo ainda precisa trabalhar sua autoestima e sua aceitação.


Piadinhas em relação ao seu peso foram constantes em sua vida, mas sempre soube enfrentar tal situação e nunca se deixou abater por isso, exceto quando é chamada de Fofinha. Apelido carinhoso dado por sua mãe, o adjetivo é só uma forma de criticar o seu peso. Rosie imersa no mundo dos concursos de beleza e do padrão fitness, se envergonha de ter uma filha fora dos padrões e que não pode repetir o seu feito de ganhar a coroa.

Nessa lacuna que existe entre mãe e filha, a figura da Tia Lucy se fortalece como um modelo de comportamento a ser seguido, amadurecendo o caráter de Will, elevando sua autoestima e ajudando a garota a perceber quem ela é de fato e como ela pode enfrentar as adversidades da vida. Mesmo não estando presente, são nos objetos que Tia Lucy deixa, assim como suas frases emblemáticas que ajudam a clarear o turbilhão de pensamentos que passa na cabeça de Will, assim como as músicas de Dolly Parton que acompanham a protagonista em todo o filme.


Em meio a tantos objetos, Will encontra uma ficha de inscrição que sua Tia Lucy preencheu no desejo de concorrer em um concurso de beleza, o mesmo que sua mãe ganhou a coroa. Cansada de ter os padrões ditando o que se pode, ou não fazer, Will se inscreve no mesmo concurso que sua Tia pensou em se inscrever, afinal, o regulamento não cita nada relacionado a peso.

Além do protesto contra os esteriótipos, Will também queria atingir sua mãe de alguma forma, porém o feito causou um efeito dominó, pois outras meninas também desejavam participar do concurso, seja para realizar um sonho, ou apenas para apoiar o seu protesto. Ellen, sua melhor amiga, também aceita o desafio de participar do concurso, uma forma de apoiar sua escolha e se divertirem juntas. Porém ela tem um papel fundamental quando Will começa a sair da linha, e não percebe o quanto está magoando as pessoas a sua volta.


Como todo bom filme adolescente, também tem o bonitão do colégio que todas as meninas são loucas por ele, entre elas a nossa protagonista. Bo trabalha na mesma lanchonete que Will, são nas interações com ele que percebemos o quanto ela é insegura com o próprio corpo, achando que é impossível um homem tão atraente como Bo se apaixonar por alguém como ela. Nesse ponto, Ellen aparece contando que também se sente insegura com o próprio corpo, mas que é necessário saber enfrentar essa situação, para não nos privar de fazermos o que temos vontade.


Um dos pontos fortes é que o enredo não se resume a uma tentativa de romance, ou a uma tentativa de seguir os padrões, mas na construção de uma personagem forte e pronta para lutar por seus ideias, diversas vezes enfrentando até os seus próprios preconceitos. Fica a lição que a normativa aceita pela sociedade não limite nossos passos, ou paralise nossos sonhos, mas que seja só mais um obstáculo que deve ser enfrentado e vencido. O enredo não é apenas maravilhoso, é necessário!


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