Ei garota!
Olha quantas coisas mudaram, você continua insistindo em abraçar o mundo com as pernas, mas, finalmente, aprendeu a importância de respirar nesse percurso. Sempre te observo quando você prende o ar na expectativa de parar o tempo, mas me orgulha em minutos depois você perceber que ainda não desenvolveu esse superpoder, mas o sentimento de fracasso não te preenche mais.
Respira, garota, respira!
O tempo. Olha como ele é traiçoeiro, aquela velha sensação de que foi ontem, mas na verdade foi há anos, também sei como isso funciona, é assustador, eu sei, mas olha em volta e percebe, ou melhor, reconhece tuas conquistas.
Teus objetivos são diferentes dos de hoje, mas mudaram de acordo com o percurso, não foi falta de insistência, mas de senso. Às vezes colocamos algo na cabeça e insistimos, insistimos e simplesmente insistimos, nem percebemos que aquilo não faz sentido, apenas insistimos. Essa teimosia da gente cansa, maltrata e até enlouquece.
Percebi que com os anos você aprendeu a questionar se realmente vale a pena a insistência, e não apenas questionar se insistiu de menos. Me conta: tá valendo a pena?
Lembra do princípio: Respira, garota!
Finalmente você aprendeu a controlar a ansiedade, aprendeu a driblar a sensação de que o mundo vai se despedaçar a qualquer momento. Era cansativa essa sensação, esse peso, lembra? As coisas parecem mais fluidas agora (no futuro), pelo menos, espero que sim, mas a leveza do tempo é uma conquista diária.
Respira, garota, respira!
Tenho orgulho de quem você se tornou, do que você conquistou, do seu legado, cada coisa tem o seu tempo e eu ainda estou aprendendo, mas você já incorporou esse ditado nos seus dias. Um dia de cada vez, lembra?
O amanhã é tão distante, mas olha para você, chegou ai com alguns arranhões, mas muitas vitórias, você está onde eu desejo, trabalhou e alcançou, se reinventou, mantéu seus ideias, repensou, insistiu, e, principalmente, aprendeu a respirar.
Respira, garota!
Neyara Furtado Lopes
Carta desenvolvida na oficina de Escrita Criativa ministrada no Theatro José de Alencar
Nenhum comentário:
Postar um comentário