Ainda estou decidindo se gosto, ou não de Santa Clarita Diet, confesso que é um tipo de humor que não estou acostumada, culturalmente não estamos acostumados, piadas mórbidas, diálogos sobre morte e pós-morte sempre trazem aquele arrepio de assunto proibido, principalmente quando o corpo é tratado como um simples material orgânico e comestível.
Involuntariamente, pois esse não é o objetivo do enredo, o perfil dos personagens me fizeram refletir sobre as relações humanas. A Drew Barrymore é a corretora de imóveis Sheila Hammond, esposa de Joel e mãe de Abby, sobrevive no modo automático, cumpre sua rotina como um roteiro ensaiado, não sente mais prazer com o marido, família ou com o trabalho, ela simplesmente respira, pulsa, mas não consegue viver de verdade, está morta.
Um dia, Sheila acordou um pouco enjoada, como se algo estivesse fazendo mal, talvez a vida estivesse cobrando uma atitude. Vômito, vômito, mais vômito e uma bolinha vermelha depois, Joel encontra Sheila no chão do banheiro morta, sem pulso, sem reação, definitivamente morta, até que em um grande suspiro ela retorna como se nada tivesse acontecido.
Sheila definitivamente é outra pessoa, vibrante, impulsiva, iluminada, ela se libertou de todos os seus medos e pudores para aproveitar o que o mundo tinha para oferecer de bom, voltou a fazer sexo com o marido, passou a dialogar com a família, saia com os amigos, passou a se divertir com a vida e se negou a continuar engolindo os sapos do caminho. Alias, a primeira refeição de Sheila foi um cara que achava que o "NÃO" significava "COM CERTEZA", familiar essa atitude, né?!
"Aja naturalmente!" :) |
Sheila definitivamente é outra pessoa, vibrante, impulsiva, iluminada, ela se libertou de todos os seus medos e pudores para aproveitar o que o mundo tinha para oferecer de bom, voltou a fazer sexo com o marido, passou a dialogar com a família, saia com os amigos, passou a se divertir com a vida e se negou a continuar engolindo os sapos do caminho. Alias, a primeira refeição de Sheila foi um cara que achava que o "NÃO" significava "COM CERTEZA", familiar essa atitude, né?!
Outro detalhe muito importante é que essa tal morte, transformou a Sheila em um zumbi (um tanto quanto vivo, mas zumbi), sendo o oposto da imagem que a grande mídia já vende, mortos-vivos se arrastando pela cidade destruindo a população, mas essa é exatamente a imagem do que ela era antes de ser transformada, quando estava viva. Agora ela é cheia de energia e faminta, seu prato favorito são humanos fresquinhos que ela congela para comer durante a semana.
Pedacinhos de braços e pernas que ela come durante conversas informais com a família, as cenas são hilárias e repulsivas ao mesmo tempo, lembra bastante aquele almoço de domingo devorando a coxa do frango, ou a costelinha do porco. Oi carnívoros! Chegamos ao detalhe de quem deve ser escolhido para morrer, Sheila e Joel chegam ao consenso que ela não vai sair matando de forma aleatória, mas que ela só vai matar pessoas ruins, que não vão fazer falta para a sociedade. O que são pessoas ruins? Depende da sua ótica, qual seu ponto de referência.
"Eu sinto que você é o Batman e o Robin... por enquanto eu sou o só o Alfred" |
Na saúde, ou na doença. Até que a morte... faça com que eles fiquem mais unidos. Joel está obstinado a encontrar uma explicação para tudo o que está acontecendo, como alguém pode sobreviver sem pulso? Abby está tentando se adaptar a nova rotina macabra de sua família, mas a vida de uma simples adolescente vai perdendo o sentido na frente do drama que a mãe está vivendo.
A trama vai se desenrolando com a família Hammond tentando levar uma vida normal, mesmo com essa nova configuração. Os vizinhos exercem papel importante no desenvolvimento do enredo e delimita os personagens principais. A história é tão surreal e bizarra, que se torna hilária, só de pensar que uma zumbi quer cultivar uma família nos moldes tradicionais, é cômico.
A Netflix fez uma aposta certeira quando escolheu falar de zumbis, o "monstrinho" da moda, mas fugindo da versão The Walking Dead, escolhendo um elenco de peso, Drew Barrymore e toda a sua energia iluminada e Timothy Olyphant e sua graça, é uma receita de sucesso!
A Netflix está sempre surpreendendo com o material promocional de suas séries, optando por elementos que possam causar identificação imediata do público, uma das estratégias utilizadas é o regionalismo em sua publicidade. A música Alma Gêmea do Fábio Jr. foi a grande sacada para divulgar a série Santa Clarita Diet no Brasil, a letra impressionantemente lembra o enredo e todo o seu drama, agora vai ficar complicado escutar Fábio Jr. sem lembrar de Sheila e Joel.
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