domingo, 9 de agosto de 2015

[Livro] Cartas Para um Pai - Janaina Rico

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Há alguns anos conheci e me emocionei com o livro Para Francisco, da blogueira Cris Guerra, uma mulher que perdeu o companheiro na reta final de sua gravidez. Na tentativa de fazer com que o filho conheça um pouco do pai, ela começa a escrever cartas relatando momentos especiais que eles viveram. História verídica que me arrancou um mar de lágrimas há alguns anos, mas que me faz acompanhar até hoje o perfil da Cris só para ver como o Francisco está, um meninão lindo de 8 anos, só para constar. 

Quando li a sinopse do livro Cartas Para um Pai, logo me lembrei do Para Francisco, cartas emocionantes inspiradas nesse momento de maternidade, mas a coincidência termina por ai, por enquanto o livro da Cris emocionava, o da Janaína provocava gargalhadas. Talvez a diferença tenha feito com que a leitura ficasse desgastada e eu acabasse me decepcionando com a imaturidade de Juliana, protagonista de Cartas Para um Pai.

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Após um amor tórrido de verão, Juliana volta para casa com boas lembranças de João Pessoa, porém além das boas histórias ela descobre que as noites de amor sem camisinha resultou em um filho. O momento é o pior possível, ela morando em Brasília e ele em João Pessoa, ela sem a menor estrutura emocional e financeira para cuidar da criança e o mundo desabando em sua cabeça. 

A história começa e o dilema que me incomodou muito no enredo inicia, Juliana diversas vezes fala sobre o pai da criança com a ideia de "não posso estragar a vida dele", como se o ato de se fazer um filho fosse responsabilidade total da mulher, como se o homem não tivesse responsabilidade nenhuma sobre o ocorrido, como se para a mulher fosse uma obrigação e para o homem uma escolha. Lutamos tanto para a sociedade entender que o homem tem a mesma responsabilidade que a mulher diante de um filho, que ninguém faz filho sozinho e que legalmente os dois tem responsabilidades no mínimo financeiras diante da educação da criança, que chega a ser revoltante esse "dilema" da personagem.

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Depois do tal "dilema" da Juliana, ela resolve que a espiritualidade explica o pensamento machista que a sociedade tem de que a mulher possui total responsabilidade sob a criança e conta para o Anderson, pai da criança, que eles vão ter um filho, mas que ela vai assumir sozinha toda a responsabilidade referente ao filho, que ele não precisa assumir e muito menos pagar pensão, ai é nesse momento que a gente se abraça e chora o coitadismo do Anderson, tadinho...

Ok, vamos voltar ao enredo, Juliana e Anderson passam a trocar cartas, uma maneira que eles encontraram de manter o relacionamento durante a gravidez, apesar da distância. As cartas chegam a ser engraçadas, devido o despreparo da personagem, ela relata sobre seus enjoos, descobertas, comidas, relacionamentos e suas infinitas dúvidas sobre essa nova fase. Ele não se mostra diferente, despreparado para a vida ele se mostra bastante imaturo diante da situação.

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O grosso da historia é bem interessante, mas os dilemas da personagem e as cartas fazem com que o enredo fique tolo e imaturo. Claro, que apesar do resultado final não ter sido do meu agrado, o enredo é bastante divertido, amo a leveza que a Janaína Rico coloca em seus livros. O capista está de parabéns, lindo trabalho! - Skoob

bonne nuit, bonne chance

8 comentários:

  1. A capa nos passa uma impressão totalmente diferente do que a história realmente é. Imaginei algo bem triste e que ia me fazer chorar, mas pelo o que entendi lendo sua resenha será ao contrário, mesmo com a Imaturidade dos personagens.
    É estranho o fato da Juliana querer arcar com todas as consequências, afinal a criança tem um pai e ele, assim como a mãe, também precisa arcar com as consequências.
    Ao todo, a história não é muito do meu agrado, mas possa ser que eu goste e me surpreenda não é mesmo?

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  2. Nossa Juliana tem um pensamento totalmente imaturo!! Não importa qual seja a situação do homem, pai, ele é sim responsável pela criança! E o Anderson parece ser meio frouxo!! Só lendo o livro para conhecer mais dos personagens!! Gosto da escrita da Janaína Rico!

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  3. Neyara!
    Já gostei de saber que um dos protagonistas é daqui de João Pessoa.
    Quanto as suas ressalvas, acredito que a protagonista, mesmo despreparada para ser mãe, tem o direito de optar por não querer nada do pai da criança e não vejo isso como machismo.
    E gosto muito dos livros que são escritos em formato de cartas...
    Na verdade fiquei com vontade de ler.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “É preciso já ser sábio para amar a sabedoria.” (Friedrich Schiller)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  4. Não conhecia o livro Para Francisco e achei lindo, senti um aperto no peito mas que lindo. Acho que todo esse dilema se deve a falta de preparo p/ a maternidade e a tentativa da Juliana de dizer que é capaz de resolver a situação, sem precisar pedir ajuda. Fiquei curiosa p/ descobrir como estas cartão vão terminar.

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  5. Quando vi o nome do livro pensei que seria algo mais profundo, algo ligado ao desenvolvimento de um filho longe do pai, como um filme que vi há muito tempo. Me decepcionei um pouco ao saber que Juliana não quer sobrecarregar o pai da criança que espera e cita a espiritualidade para justificar alguns de seus atos. Não sei se leria o livro...

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  6. Oii! O nome do livro é interessante, assim como sua premissa. Confesso que fiquei decepcionada pela protagonista ter esse pensamento em relação à paternidade, mas quem sabe a parte divertida da história compense, né?
    Beijos

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  7. Nao vou mentir pra você, quando eu vi a capa e o titulo do livro, pensei realmente que fosse ser uma coisa totalmente distinta, meu lado Nicholas Sparks gritou alto e eu pensei logo que esse pai tinha morrido e deixado um monte de cartas póstumas, hahaha. Eu gosto de livros relatados em formato de cartas, acho que traz um elemento bem pessoal para a narrativa, mesmo no caso, você dizendo que são meio infantis. Não me incomodo dessa saída espiritual que a protagonista usa para justificar seus atos, mesmo nao concordando com ela, sei que tem muita gente por ai que usa essas mesmas justificativas... Fiquei com mais vontade de ler o livro Para Francisco, mas nao exclui a vontade de ler o Cartas para um Pai. Gostei da sua resenha, bem sincera.

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  8. Gostei da resenha e estou com muita vontade de ler este livro... apesar de despreparados, parece que se gostam e vão poder trocar experiências durante os nove meses. Se ela decidiu criar o filho sozinha, a decisão é só dela, ela não foi forçada a fazer essa escolha, diferente de alguns casos reais em que o homem não quer assumir. Acho que a leitura pode ser bem divertida.

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