quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

[Livro] Cinquenta Tons de Cinza - E.L. James

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Não vamos falar de amor, de romances baratos, e nem de sexo casual, vamos falar de Mr. Grey, o cara que "fode... com força". Diante de tanto alvoroço com a aproximação da estreia do filme, me permiti ler o livro que tanto arrancava suspiros entre as mulheres. Devo concluir que o Mr. Grey com certeza é um pedaço de mal caminho, e diversas cenas são de tirar o folego de qualquer um, mas outras... queridas vocês precisam trabalhar a auto-estima de vocês, pelo amor!


O grande trufo do livro é a tal relação de dominador e submissa, ou seja, um manda e o outro obedece, um bate e o outro apanha, mas os dois sabem exatamente quais as regras e limites para que a relação seja proveitosa. Já no livro, nos deparamos com um homem experiente, que gosta de relações dom/sub e uma garota sem nenhuma experiência aceitando apanhar para não perder o homem da vida dela... querida, melhore!

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A submissa: Anastásia nunca teve um relacionamento sério, cresceu vendo a rotatividade de maridos que a mãe arranjava, a figura de pai sempre foi um pouco distorcida e distante. Acreditava que nenhum homem podia se interessar por ela, sua auto-estima era baixíssima, apesar de no enredo terem três personagens apaixonados por ela. Virgem, ingênua e facilmente bêbada.

O dominador: Cristian Grey teve 15 submissas e uma dominadora, homem experiente e de posses, acha que pode comprar tudo com dinheiro, inclusive o prazer. Gosta de ter total controle de sua vida, em todos os aspectos, inclusive de quem participa dela. Nunca soube o que é o amor, foi abandonado pela mãe, foi abusado, queimado e traumatizado. Cicatrizes ele tem várias, principalmente na alma.

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A proposta: Querida Anastásia eu te dou um carro, roupas, mac, passeios de helicóptero e planadores, orgasmos (quando eu quero, e não quando você quer), sensação que a maioria das mulheres nunca teve e por isso que elas me amam. Em troca eu vou te perseguir, te vigiar, te oprimir, quero que você me obedeça sem questionar e aceite algumas surras para satisfazer meus traumas. - Mr. Grey.

A resposta: Não gosto de ter que apanhar, não gosto de dor, sempre que você olhar para mim com raiva vou me tremer de medo, vou querer fugir, vou querer gritar, mas vou aceitar pois você diz que eu vou gostar, que é para o meu bem, que eu mereço apanhar. Depois vou chorar compulsivamente, vou me sentir abusada e agredida, não vou contar para ninguém, pois foi isso que você me pediu, mas vou me conscientizar que a culpa é minha e que se eu colocar um basta nisso, você vai embora, eu vou te perder, e eu não quero te perder, então eu vou aceitar calada. - Anastásia.

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Antes de iniciar a leitura achava que se tratava de uma narrativa sobre sadomasoquismo saudável, onde ambas as partes sabem exatamente o que estão fazendo, mas não é bem assim, senti muito mais uma relação de abuso em que a Anastásia passa a maior parte do tempo com medo da reação dele, medindo palavras para não levar uma surra, por enquanto ele usa a inexperiência dela para controla-la e afirmar que o que ele faz é pro seu bem e que ela merece apanhar. Senti nojo dele em diversos momentos.

De resto a história é interessante, uma estudante de letras que vai fazer uma entrevista com um jovem empresário e os dois acabam se atraindo, eles se encontram algumas vezes, se apaixonam, começam um relacionamento. Os dois vivem em mundos opostos, ele tenta ajuda-la em seus problemas de auto-estima, e ela tenta cura-lo de seus traumas de infância, e entre os dramas e choros, rola muito sexo e cenas picantes.

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O livro foi inspirado em Crepúsculo, logo, a mocinha é sem sal como a Bella, e o mocinho é misterioso como Edward, e para completar tem o amigo boboquinha apaixonado pela mocinha, mas que não tem nenhuma chance como o Jacob. A narrativa as vezes se torna cansativa e melosinha como a da Stephenie Meyer. Apesar dos pesares, gostei da narrativa, a diagramação e a divisão de capítulos faz com que a leitura seja rápida, a história é envolvente e foi agradável.

Resumindo: O livro tão aclamado passa conceitos distorcidos sobre os praticantes de BDSM, defende o lema "me bate que a culpa é minha, mas não me larga", e realça como as mulheres tem questões sexuais mal resolvidas (pesquisas apontam que cerca de 70% das mulheres nunca tiveram um orgasmo na vida). Essa coca-cola tá mais para pepsi, mas da pro gasto. Vamos assistir o filme, que eu to curiosa com o bafafá.

Bon après-midi, bonne chance

Um comentário:

  1. Bem, pra um livro tão badalado, eu não achei tudo isso, achei o livro bem fraquinho sobre a arte BDSM, quase que um apelo por atenção, e o filme esta sendo pior ainda. Em fim, não concordo mesmo com o bafafa que o mundo esta fazendo em relação a isso.
    Sexo, Fraldas e Rock'n Roll

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