domingo, 13 de julho de 2014

[Livro] O Maníaco do Circo - Leonardo Barros

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É um livro louco, ponto. Calma, "O maníaco do circo e o menino que tinha medo de palhaços" é ótimo, a história é envolvente, por isso mesmo você tem a sensação de estar drogada em cada surto de Renato. O autor descreve cada alucinação, cada fobia, cada sentimento tão bem, que parece que está acontecendo com você.

Renato mora com a mãe alcoólatra, as vezes ela desconta nele as amarguras da vida, principalmente a falta de dinheiro. O garoto é estudioso e obediente, nunca deu trabalho, mas ficou doente e o médico receitou uma medicação pesada. A mãe se confundiu e deu a medicação de forma errada, fazendo com que o menino passa-se a aula dormindo, e a noite tendo alucinações com palhaços, dragões e fadas.

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Os palhaços viraram o seu maior pesadelo, mas ele foi instruído pela fada para ajudar as pessoas a se livrarem do tal demônio vermelho. A mãe mantinha um relacionamento com um médico que adorava o garoto, quando ela foi embora, ele se responsabilizou em dar o melhor para o menino. Anos depois, Renato era um estudante de farmácia e traficante nas horas vagas, usava de seus conhecimentos para multiplicar a droga, fazendo com que o seu lucro fosse imenso.

Continuava tendo medo de palhaços, o demônio vermelho, o ecstasy era um estimulo para fazer com que ele enxergasse mais claramente as vítimas do demônio, e tivesse coragem para realizar os rituais, nem que fosse preciso tirar a vida das pessoas. Paralelo a isso, o Maníaco do Circo atacava criancinhas, talvez ele só tivesse precisando de um dos rituais de Renato para se curar.

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A história vai sendo relatada em ordem cronológica, inicia mostrando o motivo dele ter tanto medo de palhaços, depois mostra as consequências que essa fobia trouxe para a vida do garoto. Inevitavelmente você fica indignado com a mãe do garoto, é claro que a culpa de tudo que é feito nos rituais de Renato é culpa dela, a falta de atenção que ela teve com o garoto, fazendo com que ele se transforma-se em um adulto cheio de traumas e com a verdade distorcida.

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Algo interessante é que um dos personagens que ajudou a desvendar o mistério em "Presságio, o assassinato da freira nua" (resenha AQUI), livro do mesmo autor, também aparece para ajudar a desvendar o mistério do Maníaco do Circo. Cada passagem é relatada com uma riqueza de detalhes, que faz com que o leitor comece a ter as mesmas alucinações do garoto, a história parece ser louca e sem nexo, você começa a achar que o autor estava bêbado quando escreveu aquilo, mas o objetivo é exatamente esse, passar ao leitor a sensação de confusão, igual a que Renato sentia.

Em uma nova edição acrescentaria uma nota de rodapé com a tradução de algumas frases em francês que aparece no final do livro, mesmo que simples, deveriam ter uma tradução. Acrescentaria uma explicação sobre o efeito real do ecstasy, pois acredito que devido a falta de informação, alguns leitores podem chegar a pensar que é a droga que causa o "ritual", mas na realidade ela é apenas um gatilho para um distúrbio já existente no usuário.

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O livro tem uma linguagem simples e envolvente, as histórias de vários personagens vão sendo mescladas, fazendo com que se crie uma ansiedade para se saber os próximos passos dos personagens, e o final é de tirar o fôlego. O livro é ótimo para quem gosta de um bom suspense, um terror psicológico, a diagramação é incrível, a paginação tem o detalhe de um elefante, que eu não sei se tem um significado especial, lembrei do elefante branco, é isso Leonardo? Enfim, recomendadíssimo!

Leonardo Barros é médico em Natal/RN e autor de Presságio.

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Um comentário:

  1. Oi, Neyara.
    Que resenha linda! :)
    Adorei as fotos também. Obrigado!
    Olha só, o elefante no canto das páginas remete ao tema circense. A ideia era usar um símbolo que aliviasse um pouco a tensão dos elementos "sinistros". Usar o rosto de um palhaço pareceu redundante...
    Fico feliz que tenha gostado da história.
    Beijão! :)

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