sábado, 21 de janeiro de 2012

[Livro] Apátrida - Ana Paula Bergamasco

ApátridaApátrida é o primeiro livro da escritora brasileira Ana Paula Bergamasco. Formada em direito pela USP, recebeu menção honrosa em Direito Internacional, professora no Instituto Internacional de Ciências Sociais e escritora. Seu primeiro trabalho fala sobre a Segunda Guerra Mundial, drama que vem recebendo muitos elogios e prêmios da crítica.

"O apátrida é a pessoa que ninguém reconhece como seu cidadão. Ele não pode recorrer a nenhum corpo diplomático, se necessitar proteção. Não pode pedir apoio ao seu país de origem. Ninguém lhe atribui direito algum. Não tem chão" - Apátrida, pág 330

Irena é uma polonesa pobre, que mora no campo junto com sua família. Sua infância foi bem sofrida, apesar do interesse em aprender, não tinha muita informação, seus pais eram arredios, e seus irmãos viviam lhe contando histórias que escutavam na cidade, como a que os brasileiros tomavam banho todos os dias, concluindo que os mesmos deviam feder muito. Quando sua irmã mais velha morreu, um médico judeu veio ajudar a família, junto com seu filho Jacob, despertando o interesse de Irena, o garoto passou a visitar a casa deles todos os fins de semana, para ensina-los o que sabia.

Alguns anos depois Irena estava casada com Rurik, morando na terra natal de seu marido, onde teve seu primeiro filho Jan e quando estava no ápice de sua felicidade, aconteceu a eclosão da Segunda Guerra Mundial. Dai se desenrola a história, sem preconceitos ela tenta ajudar os judeus, ciganos, homossexuais, deficientes, entre outros refugiados a tentar sobreviver naquela avalanche de ódio e sangue.

Perdeu parentes e amigos, viu a destruição de suas terras, do seu país, do seu povo, sentiu o que é viver com medo de tudo e de todos, ajudou no que pode, passou fome e frio, ficou muito doente, fugiu, foi trancafiada em um campo de tortura, sofreu o pão que o diabo amassou. No meio de tanto sofrimento, conseguiu ser forte para lutar pela sobrevivência dos seus entes que ainda estavam vivos, lutou pelo seu grande amor, lutou por tudo que ainda valia a pena enfrentar aquele caos.

O livro é bastante intenso, rico em detalhes, a autora consegue transportar o leitor para o drama da Segunda Guerra, fazendo com que ele sinta o terror que Irena enfrentou. Apesar dos muitos personagens, o livro não deixa pontas soltas, todos aparecem para esclarecer o que aconteceu na Guerra, fazendo com que o leitor enxergue todos as versões dos fatos, e entenda que ninguém ganhou, todos perderam com aquela avalanche de intolerância, de racismo, de preconceito, de egoismo, e que todos os sobreviventes tentam superar aquele horror, seja guardando ódio e loucura, ou tentando ajudar o próximo.

Quero parabenizar o design pela bela capa! Quero parabenizar a Ana Paula pelo belo livro, pela pesquisa, pelos prêmios e por ter criado uma Irena tão forte! Quero parabenizar Irena pelo sua luta e por ter um filho tão precioso! Quem ficou com vontade de ler essa história linda, no blog do livro ta rolando o Book Tour, então, quem quiser passa lá e se emocione também marcando 5 estrelinhas no Skoob, haha.



"Uma vez fora do pais de origem, permaneciam sem lar, quando deixaram seu Estado, tornaram-se apátridas, quando perdiam seus direitos humanos, perdiam todos os direitos, eram o refugo da terra"Apátrida, pág 331

4 comentários:

  1. Oie Nearya :)
    nossa me interessou muito este livro, amo ler livros que fala da polônia.
    E o mais interessante é escrito por uma escritora Brasileira :)
    vai para minha estante do Skoob com certeza.

    ResponderExcluir
  2. Achei a história super interessante! Todo livro que fala da 2º guerra mundial é sempre bem forte e comovente. O meu preferido é A Menina que Roubava Livros.

    Beijo, beijo :*

    ResponderExcluir
  3. Que legal.. fiquei com vontade de ler!!

    Adorei seu blog.. beijos

    ResponderExcluir
  4. linda noite com carinho pra você
    querida
    bjs 8-)

    ResponderExcluir

[Cola&Bora] Clube da Caixa Preta | Sociedade das Relíquias Literárias

Tá sentindo? Brisa de bons ventos, gostinho doce de retorno, cheirinho suave de quem está se reconectando ao que nunca deveria ter sido esqu...