Abri os olhos devagar, os primeiros raios de sol começavam a invadir o meu quarto, o calor já era intenso, minha cabeça latejava, meu corpo doía, tinha passado a noite em claro pensando no que tinha acontecido. Levantei relutante, fui até a pia do banheiro e lavei meu rosto, respirei fundo, molhei novamente meu rosto na tentativa de fazer com que aquela dor fosse embora.
Fui até a cozinha, peguei uma caneca no alto do armário, o dia ia ser longo, precisava colocar um pouco de açúcar no meu sangue. Abri a geladeira, peguei a caixa de leite, desnatado, tão aguado quanto a minha vida parecia naqueles últimos tempos. Abri a gaveta de talheres, peguei uma colher, para cada medida de achocolatado, metade de açúcar, uma dosagem perfeita para um dia errado.
Me encostei no balcão e comecei a tomar lentamente o conteúdo da caneca, fechei os olhos e fiz uma prece. Silenciosamente pedia um pouco de paz, precisava de uma dose de coragem e metade de discernimento, optar pelo certo e errado naquele momento, era optar entre a razão e o coração. Os dois exigiam urgência. Os dois tinham consequências. Abri os olhos e coloquei a caneca na pia, desejando que aquele achocolatado tivesse me dado a luz necessária para iniciar mais um dia.
.neyara furtado
"Abri a geladeira, peguei a caixa de leite, desnatado, tão aguado quanto a minha vida parecia naqueles últimos tempos."
ResponderExcluirAMEI seu texto, principalmente essa parte...
Beijos!
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