sexta-feira, 11 de outubro de 2019

[LIVRO] O Diabo Veio Para o Natal - Roxane Norris

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Calma! Senta aqui do meu lado e vem comer uma fatia de bolo fofo com calda de chocolate, temos muito o que conversar sobre o milionário Miguel Allende, empresário do ramo imobiliário que não consegue mais vê sentido no Natal, prefere passar a data trancado no escritório trabalhando e esquecer que aquela época existe, mas o que ele não esperava é que uma doce diabinha ia trazer mais magia para a sua vida.

Júlia foi convidada para trabalhar com o misterioso Miguel Allende, a oportunidade perfeita para salvar a agência das irmãs Luckheart, o único problema é que ela não sabia absolutamente nada sobre o seu novo empregador. Apesar de famoso, ele era extremamente reservado e não gostava de aparecer na mídia, então ela só sabia o básico, que ele era rico e morava na Espanha.

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O voo foi bem turbulento, após misturar remédio com bebida alcoólica sua imaginação ficou bastante fértil, chegando a afetar outros passageiros e a tripulação que tentava solucionar o caso. Já no local marcado para conhecer o Sr. Allende, uma pousada próxima a estação de esqui, ela percebeu que sua mala foi trocada e estava despreparada para aquele encontro, precisava de roupas apropriadas urgente. 

Alena é uma doce garotinha que passou por alguns traumas, o que resultou em uma dificuldade de socializar com outras pessoas, mas foi bem receptiva quando avistou Júlia experimentando botas naquela loja, quem sabe o coração delas já sabia o que ia acontecer. A reunião aconteceu a noite e o empregador não gostou do que ouviu de Júlia, ela tinha que se esforçar bem mais do que aquilo para conquistar a confiança da família Allende.

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No dia seguinte, uma nevasca atingiu a cidade fazendo com que ela e todos os hóspedes ficassem ilhados dentro da pousada, foi quando Júlia conheceu Lúcia, uma doce senhora que sabia todas as histórias e costumes do lugar. Os hóspedes puderam ajudar a decorar a árvore de natal e Júlia ajudou a fazer os Torrones, tradição do lugar, entre uma risada e outra Lúcia conseguia tocar seu coração com os seus despretensiosos conselhos amorosos.

Em meio a tantas tradições e histórias, o homem que tinha vindo buscar Júlia na pousada continuava esperando o tempo melhorar para levá-la a casa da família Allende. Entre conversas e confissões, ela conseguiu entender o que tinha passado por aquela família e o motivo de seu novo empregador ter tanta repulsa pela data, com certeza algo precisava ser feito por aquela família e ela estava disposta a recuperar essa magia.

O conto O Diabo Veio Para o Natal é a primeira história da trilogia das irmãs Luckheart, o enredo é curtinho e bem dinâmico, minha única ressalva é que achei alguns pontos soltos e forçados, mas compreendo por se tratar de um conto. A escrita é bem fluida e envolvente como as histórias da Roxane Norris, o romance é um clichê, mas daqueles que a gente se apaixona com os personagens. Recomendo para quem gosta de histórias leves.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

[LIVRO] Quando Fernando Morreu - Beatriz Lúcio

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Necessário! Aliás, não só esse conto, mas todos os enredos do projeto Todas as Letras do Arco-Iris, organizado por Maria Freitas e lançado pela Editora Resistência. É um soco no estômago tantas histórias de libertação, seja de suas próprias entranhas, dos julgamentos alheios, dos rótulos. Em meio a tanta intolerância e episódios inaceitáveis, tenho que admitir que a censura vivenciada na Bienal do Rio só abriu portas para que mais obras como essa ganhassem um lugar especial no nosso coração.

Fernando era muito mais que um marido, um companheiro, um amigo, um amante, era a salvação de uma vida de julgamentos, a prova que Virgínia finalmente tinha se decidido e sua família agora podia ficar em paz. Foram 20 anos de um relacionamento maravilhoso, cheio de muito amor e hétero (como sua família aprovava), mas com a morte de Fernando decorrente de um câncer, tudo desmoronou.

Quando Fernando Morreu 02

Virgínia entrou em depressão e perdeu o controle de sua vida, passava o tempo todo trancada em casa sem vontade de viver, abandonou a loja de eletrônicos que era sócia e se afundou na tristeza. Sua filha Letícia não suportava mais a situação da mãe e foi morar com a avó materna, foi quando Virgínia viu que precisava agir. Antigos medos e angustias começaram a lhe assombrar novamente, entre eles os novos relacionamentos.

Antes de FernandoVirgínia se relacionava com homens e mulheres, o que era inaceitável para a sua família, diziam que ela era indecisa, promiscua e que não passava confiança, afinal ela podia trair com ambos os sexos. Casar com Fernando foi se libertar de todas as críticas e julgamentos, mas agora com a sua partida, ia ter que conviver novamente com todos os julgamentos e o medo de não ser aceita.

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O conto retrata o conflito de pessoas bissexuais, a necessidade de se enquadrar em um rótulo que seja aceito pela sociedade, que seja de alguma forma compreendido, mesmo que minimamente. A autora, Beatriz Lúcio, consegue passar do luto a vaidade da conquista, da liberdade dos desejos ao julgamento dos mesmos. O conflito e as dores não são aprofundados, o que é compreensível quando falamos de um conto, mas é facilmente possível preencher as lacunas com o que é dito e sentido por Virgínia. Precisamos ser mais empáticos! Precisamos ser mais tolerantes!

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

[EVENTO] XIII Bienal do Livro do Ceará - Programação


Nessa sexta-feira, dia 16 de agosto, começa a XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, com a curadoria da escritora Ana Miranda e dos escritores e professores Inês Cardoso e Carlos Vasconcelos, coordenação de Goreth Albuquerque. Durante os dez dias de programação gratuita, o evento contará com diversos lançamentos, rodas de conversa, oficinas, palestras, saraus, contação de histórias, entre outras atrações literárias com a participação de artistas locais, nacionais e internacionais.

Diferente dos anos anteriores, que eram escolhidos escritores para serem homenageados, nessa edição escolheram três obras para serem belissimamente aclamadas: A Casa, da cearense Natércia Campos; Terra Sonâmbula, do moçambicano Mia Couto; e Lavoura Arcaica, do escritor paulista vencedor do prêmio Camões Raduan Nassar. O tema escolhido para essa edição foi As Cidades e Os Livros.

A atração acontece entre os dias 16 e 25 de agosto, no Centro de Eventos do Ceará. A programação oficial já está disponível no site do evento, mas é importante observar as ações paralelas ministradas pelos expositores e pelas instituições parceiras. Separamos algumas atrações que estão sendo ansiosamente aguardadas por nos e que prometem ser impactantes, RECOMENDO! Quem encontrar com a gente pela Bienal, estamos levando marcadores e bottons para distribuir, é só chamar.


17 de agosto (sábado)

14h às 16h30 - ECONOMIA COLABORATIVA, A SUSTENTABILIDADE DE PEQUENAS E MÉDIAS EDITORAS E LIVRARIAS 
Anna Dantes – Dantes Editora (RJ), Guarany Oliveira – Livraria Lamarca (CE), Rosel Soares – Casarão do verbo (SP), Simone Paulino – Editora Nós/Paratodexs (SP)
Mediação: Talles Azigon – Editora SubStânsia (CE)

14h30 às 16hLIVROS REVOLUCIONÁRIO – PRECONCEITO LINGUÍSTICO 
Marcos Bagno (DF) 
Mediação: Eulália Leurquin (CE)

15h às 16h30A MULHER E A CIDADE 
Aila Sampaio (CE), Celeste Cordeiro (CE), Juçara Rocha Soares Mapurunga (CE), Juliana Damasceno Pontes, Grace Troccoli Vitorino, Xênia Diógenes Benfatti 
Mediação: Hugo Nogueira 

19h – Lançamento MÁRIO MAGALHÃES
Bete Jaguaribe


18 de agosto (domingo)

10h às 12h30 - A INQUIETUDE DO MERCADO: DAS TECNOLOGIAS EMERGENTES ÀS ANTIGAS FORMAS DE PRODUÇÃO
Alexandre Martins Fontes – Editora Martins Fontes (SP) e Marcelo Levy – Editora Todavia (SP) Mediação: Mileide Flores (CE)

14h - APRENDER A ESCREVER NA INTERNET
Escambau (CE) 

16hOS NOVOS: CRIAÇÃO E EDIÇÃO/PUBLICAÇÃO
Luciana VillasBoas (RJ) e Ana Miranda (CE)
Mediação: Jayson Aguiar (CE)

16h - CELULAR, MEMES E REDES SOCIAIS PARA CONTAR HISTÓRIAS 
Eduardo Porto (CE), Rodrigo Passolargo (CE) e Ítalo Furtado (CE)
Mediação: Rildon Oliver (CE)

16h30 às 18h - O DESIGN EDITORIAL: MÍDIAS IMPRESSAS E DIGITAIS
Deglaucy Jorge (CE), Denise de Castro – Editora Senac (CE), Felipe Góes (CE) e Amaurício Cortez – Fundação Demócrito Rocha (CE) 
Mediação: Camila Barros – UFC (CE)


19 de agosto (segunda-feira)

10h às 12h30 - ENTRE O NORDESTE, NO BRASIL, NO MUNDO
Wellington de Melo – Cepe Editora (PE), Abdulai Silá – Kuw Si Mon Editora (GuineBissau) e Albanisa Dummar – Armazém da Cultura (CE) 
Mediação: Simone Paulino – Editora Nós (SP)

16h30 às 18h - DO LIVRO ÀS TELAS - OBRAS LITERÁRIAS E O MERCADO AUDIOVISUAL 
Samuel Brasileiro (CE), Iris Sodré (CE), Cecília Rabêlo (CE), Paulo Amoreira (CE), George Frota (CE)
Mediação: Aíla Sampaio (CE)


18h – Lançamento RESISTÊNCIA , ROTA DE FUGA E REFÚGIO: O CARIRI CEARENSE NA DITADURA MILITAR
Cícero Aurelisnor Matias Simão (CE) 

20h - Lançamento MEMÓRIAS DO CEGO ADERALDO e DONA CIÇA: O BARRO DAS MARAVILHAS e MATILDE, A LAGARTA PINTADA
Rosemberg Cariry (CE)

20hAS ALDEIAS DO SILÊNCIO
Frei Betto (SP) e Socorro Acioli (CE).
Mediação: Eleuda Carvalho (RJ) 


20 de agosto (terça-feira)

14h30 às 15h30 - LEITURA DE IMAGENS DA CIDADE
Gerson Linhares e o Bode Ioiô (CE)

16h30 às 18h - A LEITURA DIGITAL: O LIVRO NA REDE 
João Leal (RJ) e Letícia Reina (RJ)
Mediação: Isabel Costa (CE)

19h - CAFÉ LITERÁRIO  
Babi Dewet (SP) e Isabel Costa (CE)

19h30 – Lançamento RACISMO E EDUCAÇÃO NO BRASIL
Bernadete de L. R. Beserra (CE) e Rémi Fernand Lavergne (Lyon, França) 

20h VIOLÊNCIA E VERTIGEM
Dimitri Tulio (CE) e Daniel Munduruku (SP). 
Mediação: Regina Machado (CE)


21 de agosto (quarta-feira)

16h - LITERATURA, HQS, CINEMA E JOGOS 
Rodrigo Passolargo (CE), Miguel Felício (CE), Ítalo Furtado (CE) e Kami Girão (CE)

17h - ERA UMA VEZ UMA MULHER QUE QUERIA FALAR DE COLETIVOS...
Lola Aronovich (CE) e Maria da Penha (CE)
Mediação: Vânia Vasconcelos (CE) 

18h20 FILMES NA CENA SOCIAL
Jânio Nunes Vidal, Rozimar Rocha, Júlia Kilme e outros

19h - CAFÉ LITERÁRIO MULHER DE PALAVRA
Nina Rizzi (CE), Ryane Leão (SP) 
Mediação: Jéssica Balbino (CE) 


22 de agosto (quinta-feira)

16hCHÁ COM GLITTER: PERSONAGENS LGBTQI+ NA LITERATURA MUNDIAL
José Henrique de Almeida Cavalcante (CE), Leonardo da Silva Leal (CE), Kimblia Crislaine Cavalcante Nogueira (CE) e Antônio Luciano Morais Melo Filho (CE) 

16h – Lançamento O GERENTE ENDOIDOU: UMA CONVERSA SOBRE A PUBLICIDADE E A PROPAGANDA CEARENSES
Gilmar de Carvalho (CE)

19h30 – Lançamento TODO AMOR É FODA: O AMOR NA ERA AS REDES SOCIAIS
William Kokubun (SP) 

20hDEVANEIOS: A ARTE DE ANDAR NAS RUA DE FORTALEZA
Fausto Nilo (CE)

23 de agosto (sexta-feira)

13h  - EMPREENDEDORISMO DA GERAÇÃO DE A A Z
Maria Sueli Lopes Vasconcelos (CE)

15h - POESIA NA CONTRAMÃO: AS RUAS NA VOZ OU A VOZ NAS RUAS 
Rômulo Silva (CE) e Nina Rizzi (CE) 
Mediação: Tino Freitas (CE)

15h20 - Lançamento A COMÉDIA DIVINA DE BELCHIOR, METAMORFOSE DE MÁRIO GOMES
Lucarocas (CE) 

19h - LITERATURA COMO VISIBILIDADE TRANS
Amara Moira (SP) e Ayla Nobre (CE) 

19h - ILUSTRAÇÃO E NEGRITUDE
Evelyn Queiróz (NegaHamburguer) (SP) e Cau Gomez (BA) 
Mediação: Eduardo Azevedo (CE) e Rafael Limaverde (CE)


24 de agosto (sábado)

13h30 às 16h - A VIDA É UM SOM, A MÚSICA UM SONHO 
Mestre Macaúba – Chorinho (CE), Mestre Aécio de Zaira – Luteria (CE) e Mestre Expedito Caboco – Banda Cabaçal (CE)
Mediação: Pingo de Fortaleza(CE) 

15hATENÇÃO NO PERCURSO: ESTAMOS EM OBRAS 
Bel Santos (SP) e Amara Moira (SP)
Mediação: Argentina Castro (CE)

16h - Lançamento QUANDO O AMOR É DE GRAÇA!
Raymundo Netto (CE) 

16hA GEOGRAFIA DA FELICIDADE
Ivan Wolffers (Amsterdam) e Álvaro Medeiro Leite (CE). 
Mediação: Jesus Irajacy (CE) 

18hINSUBMISSAS MEMÓRIAS
Conceição Evaristo (RJ) e Vânia Vasconcelos (BA).
Mediação: Marília Lovatel (CE)

18h - Lançamento A ESTRANHA; VIAGEM DE NÓS E DE OUTROS DIAS; ÚLTIMO ENSAIO
Eduardo Guerra, Lara Rovere, Vanessa Passos, Zeca Lemos, Mônica Silveira, Célia Oliveira, Sônia Nogueira, Gevandir Muniz, Nirvanda Medeiros 

19h - MULHERES FEMINISTAS ILUSTRADORAS 
Evelyn Queiróz (NegaHamburguer) (SP), Fernanda Meireles (CE) e Raisa Cristina (CE)
Mediação: Ana Miranda (CE) 

25 de agosto (domingo)

11h - RESTAURO E CONSERVAÇÃO DE LIVROS
Francisco Gomes

16h - A TRADIÇÃO DOS GRUPOS NA LITERATURA CEARENSE
Batista de Lima, Aila Sampaio e Hermínia Lima 
Mediação: Booktuber Zeca Lemos 

16hCALIGRAFIAS FEMININAS
Marion Bloem (Amsterdam) e Amara Moira (SP)
Mediação: Lôla Aronovich (CE) 

18hLEITURA E VIDA
Bel Santos (SP) e Mileide Flores (CE)
Mediação: Sarah Diva (CE) 

19h - ILUSTRAÇÃO E CENSURA 
Alexandre Beck - Armandinho (SC) e Ivan Cosenza de Souza (RJ) 
Mediação: Eduardo Azevedo (CE) e Rafael Limaverde (CE) 

20hIRMÃOS ANICETO, MARIMBANDA E CARLOS MALTA

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

[LIVRO] Eu Vejo Kate: O Despertar de um Assassino - Cláudia Lemes

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Tenho que dizer que fui sugada pela narrativa e só soltei quando terminei. Kate é uma escritora de Blessfield, interior dos EUA, que tem a missão de contar a história de Nathan Bardel, um serial killer de sua cidade natal. Ele matou e estuprou 12 mulheres ao som de música clássica, afinal, cada vítima merecia uma sinfonia, foi preso e condenado a morte, a publicação ia marcar o aniversário de um ano de sua execução.

Kate precisava entender como um morador da sua cidade natal se transformou em alguém com a mente tão doentia, capaz de torturar e humilhar tantas mulheres que não tinham feito nada contra ele. Entender sua mente era preciso se aproximar cada vez mais de quem ele era, detalhar o passo a passo de cada crime, confrontar o habitat de cada vítima, presenciar abusos, entender o que ele sentia, criar uma lógica para a sua motivação.

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Após ter acesso ao inquérito e entrevistar os investigadores que trabalharam no caso, Kate é intimada por seus editores a deixar o projeto de lado e focar em seu romance, não querem mais se envolver com os crimes de Bardel, mas se o caso já estava encerrado e o assassino morto, o que poderia impedir que fosse lançado um livro com os detalhes da investigação, algo estava errado naquela história.

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Assistindo a tudo, Nathan Bardel acompanhava todos os passos de Kate, o que ela pensava e sentia, o quão obcecada ela ficou para descobrir o que de grave estava encoberto naquela investigação. Ela não podia vê-lo, mas a alma de Bardel estava ao seu lado, deixando o ambiente cada vez mais pesado e tenso, ele também não sabia o que estava fazendo ali, mas estava gostando de ver seus crimes sendo detalhados.

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Ryan Owen é o agente do FBI responsável por capturar Bardel, o profiler que traçou o perfil do assassino e conseguiu chegar até ele. Após o caso, sua vida saiu dos eixos, separou de sua esposa e se afastou da polícia, vive em uma casa isolado do mundo. Ele é a peça fundamental para Kate entender o que se passava na cabeça de Bardel, foi ele quem colheu os depoimentos do assassino.

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Kate é do tipo que aceita migalhas, parece durona, mas está em frangalhos, tem um relacionamento abusivo, uma relação desestruturada com a família, cheia de vícios e gosta de se torturar. Bartel não sabe o que está fazendo ali, mas de alguma forma, revisitar seu passado e ter uma visão mais ampla dos fatos, está tornando tudo mais complexo. Ryan é assustadoramente inteligente e perspicaz, sabe quando estão lhe engando, ele consegue ler a verdade no rosto de quem quer que seja, mas é extremamente autodestrutivo e adora se torturar.

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O enredo é intenso e as cenas são bastante pesadas, os crimes tem uma dose de crueldade assustadora, que o leitor precisa ter um estômago forte para aguentar tudo. A narrativa é feita por diversos pontos de vista, temos uma noção de como cada um se sente diante de tanta crueldade e como cada um reage diante daquilo, todos os personagens saem de sua zona de equilíbrio para abraçar o que eles tem de pior, conhecer o lado mais obscuro do seu ser e não ter receio disso.

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A autora, Cláudia Lemes, escreveu tudo em sete dias, em um momento de frenesi, clinicamente deprimida, de luto e puta da vida com o mundo. Essa intensidade de sentimentos é perceptível na trama, tudo é muito denso e palpável, talvez foi a cereja do bolo na trama, a tensão é real, por isso o leitor consegue se envolver tanto com o enredo e muitas vezes o ódio parece que atravessa o espectador como um convite por vingança, sede de sangue.

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Eu Vejo Kate foi escrito originalmente em inglês, a autora é brasileira, mas já morou na Califórnia e no Cairo, por isso, não se assuste quando se deparar com ambientes e nomes estrangeiros. O enredo é muito bem escrito e estruturado, os personagens são complexos e verdadeiros, não são caricatos, o leitor sente a transição de emoções. O projeto gráfico está fantástico, Marina Avila maravilhosa como sempre, trabalho minucioso e cheio de detalhes, sou fã! Repararam no olho claro de Kate?! RECOMENDO imensamente para quem gosta de um bom suspense. 

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

[LIVRO] Todas as Noites que Nunca Aconteceram - Giovana Taveira

ANJO é o caralho! Desde quando iniciei a leitura do livro Todas as Noites que Nunca Aconteceram eu esbravejava sempre que Gabe chamava Sarah de anjo, o mocinho bonzinho demais, preocupado demais, atento demais, romântico demais, tudo demais além da conta do confiável. Quando a esmola é demais, todo santo desconfia. Além da minha tolerância a doçura exacerbada, eu acabava, involuntariamente, fazendo um paralelo com o caso do médico (Gabe também é médico) do interior do Ceará que estuprava as pacientes, virou até manchete no Fantástico, mas, como sou cearense, o caso já vinha sendo noticiado nos programas locais há muito tempo e sempre que Gabe chamava Sarah de anjo, eu lembrava do tal médico chamando as pacientes de bebê antes do estupro. Aquela máscara de doçura para esconder sua verdadeira face do mal.

Sarah é a melhor costureira da região, pelo menos é o que dizem, sócia de uma loja de costura, ela se dedicava ao máximo no aperfeiçoamento de sua profissão, fazia cursos, participava de eventos, tudo para de fato ser a melhor. No momento seu foco era estritamente profissional, saia com amigos por diversão, mas não buscava nada sério, até mesmo quando Gabriel entrou na sua vida, um homem de tirar o fôlego, isso temos que concordar, que adorava ir na loja flertar com Sarah.

Em um segundo Sarah estava deixando o lixo do lado de fora da loja, quando esbarrou com o Dr. Gabriel, oncologista, por acidente Sarah cortou a mão e prontamente Gabriel se prontificou em ajudar no curativo, flertes e mais risadinhas, mas naquele momento um relacionamento sério era uma realidade bem distante. No segundo seguinte, Sarah está acordando em uma casa desconhecida, em outro país e, surpreendentemente, casada com Gabe, o tal Gabriel.

Na noite anterior, Sarah tinha caído da escada e batido a cabeça, ocasionando um lapso de memória, ela não conseguia lembrar dos últimos anos de sua vida, mais precisamente dos últimos 4 anos, tempo em que se relacionou com Gabriel, se casou, se mudou para Argentina e se mudou para uma casa de vidro isolada do mundo. Tinha um atelie particular lindo, isso é verdade, um sonho para qualquer costureira, mas algo estava muito errado com todas as decisões que aquela Sarah tomou nesses últimos 4 anos. 

Aos poucos, ela foi aceitando sua nova condição e buscando entender quem era aquela nova Sarah, quais seus anseios e desejos, o que ela sonhava, porque tinha tomado decisões tão radicais de se isolar do mundo e viver sem tecnologia. Gabe é um marido espetacular, doce e compreensivo, respeitava o espaço dela e estava sempre disposto a esclarecer qualquer dúvida que ela tivesse, ou contar inúmeras vezes todas as histórias que eles já viveram durante aquele tempo.

Apesar da vida maravilhosa que ela disponha e o tal marido fantástico, algo ainda não fazia sentido, aquela definitivamente não era ela e Gabe, as vezes, era possessivo demais, protetor demais, sufocava demais, mas doce demais, impossível questionar um homem tão extraordinário como ele. Impossível! Porém, uma conversa no banheiro, uma ida a feira, uma visita inesperada, a verdade foi vindo a tona, as peças que não encaixavam agora tinham um motivo para não encaixar e a Sarah ia descobrir a verdade sobre tudo que estava acontecendo na sua vida.

O enredo constrói um leve terror psicológico, você sempre fica esperando alguém atrás da porta, ou observando pelo vidro, ou um rompante de raiva inesperado, ou uma vacilada nas palavras. A autora, Giovana Taveira, foi muito feliz na construção da história, primeiro o leitor fica apaixonado por Gabe, um homem doce demais que está ali para ajudar e fazer todas as vontades de sua amada. No segundo momento a verdade vai surgindo e o leitor vai ficando em dúvida sobre a real intensão do romance, até que chegamos ao terceiro momento e sim, fomos tapeados, Gabe ri da nossa cara. 

A leitura é envolvente, o início é um pouco meloso demais, mas necessário para a construção dos personagens, a medida que a trama vai se desenrolando e o castelo vai ruindo o leitor é sugado pela expectativa das próximas descobertas e a vontade é de vasculhar todas as gavetas da casa, arrombar portas e pular muros. O final é simplesmente fantástico, Gabe parece que está na nossa frente relatando sua versão e rindo da nossa cara. Sarah tem reações reais de medos e incertezas, as vezes o que é obvio no campo racional, é um mar de escuridão no campo emocional.

Relacionamentos abusivos devem ser exaustivamente debatidos nos livros, nas séries, nas rodas de conversas, em todos os cantos possíveis, para que cada vez mais pessoas consigam identificar e se fortalecer diante dessas situações, pois, infelizmente, não estamos blindados a situações como essas. A Giovana foi muito feliz em sua abordagem mostrando toda a ilusão daquele amor doentio, o medo, a descoberta, o sentimento de culpa da vítima, as dúvidas, os receios, os traumas. Parabéns pelo belíssimo trabalho, que venha mais, que venha muito mais!

NUNCA ROMANTIZE UM ABUSO!

quarta-feira, 3 de julho de 2019

[Cola&Bora] Lanço Celestino | Mulheres vs. Monstros

O Cola&Bora de hoje vem com um gostinho de retorno, o blog que andava paradinho, quase sumido, vem cantando um chamado cada vez mais alto e ensurdecedor, daqueles que fica impossível de não escutar e ceder. Depois de muito pensar e refletir sobre esse retorno, estamos aqui e pretendemos ficar, mas sem promessas, apenas de forma leve e fluida. E porque não voltar exaltando algumas obras que estão sendo financiadas e precisando de um apoio. Escolhi alguns projetos de artistas que eu acompanho há algum tempo, trabalhos que merecem o nosso apoio e sopros de sucesso.


Considerado o projeto mais desafiador e ambicioso do ilustrador Gabriel Jardim, o quadrinho Lanço Celestino foi planejado para ser uma publicação impressa com formato widescreen, 23x15cm, uma forma de explorar melhor os cenários intergaláticos e enxugar os custos com a gráfica. A publicação contará ainda com capa dura e 192 páginas.

O enredo é protagonizado por Joalysson, um Uber espacial do planeta Sertão que trabalha levando as pessoas de um planeta a outra, de uma estação espacial a outra. Ao receber o chamado da Capitã Hass, líder da Tropa 94 da Galáxia Titan, Joalysson vai se meter em uma perigosa missão intergalática. Além do quadrinho os apoiadores poderão receber marcadores de páginas, adesivos e até a versão do Qeï em crochê.

Com certeza você já deve ter cruzado com um dos desenhos do Gabriel, recentemente ele lançou uma série de ilustrações da Turma do Morro, uma releitura da Turma da Mônica, porém com cenários e características das comunidades do Rio de Janeiro. E por aqui rola uma torcida forte para ver um crossover dessa galera se encontrando no Limoeiro. 




A antologia Mulheres vs. Monstros reúne uma série de contos e artigos escritos por autores que vem se destacando no mercado brasileiro no gênero de fantasia, horror e sci-fi. Os enredos foram inspirados na cultura pop, em clássicos da literatura e do cinema, em quadrinhos e até na mitologia brasileira e grega.

No total, a obra conta com a participação de 11 autores e cada um contribuiu com um conto inédito e original, mais um artigo com relatos pessoais, inspirações, metáforas, sensações e lições. Eles são: Fábio Fernandes, Flávio Karras, Jana Bianchi, Camila Simões, Oscar Nestarez, Larissa Brasil, Tito Prates, Rodrigo Ortiz Vinholo, Clara Madrigano, Duda Falcão, Denise Flaibam e Cláudia Lemes. Projeto gráfico da incrível Marina Ávila com ilustrações do Pestmeester.

Os enredos trazem as lutas das mulheres contra os monstros, que podem ser representados por medos, doenças, pobreza, violência, acidentes, fome, depressão, até o próprio marido e pai. Pode também ir além desse mundo, chegando ao lado obscuro do universo, como ET's e demônios. Enredos elaborados por escritores que estão se destacando na última década e que prometem que as mulheres lutam até o fim.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

[Contos&Fadas] Cinderela


Os Contos de Fadas são narrativas destinadas ao público infantil, que tem o objetivo de trazer alguma lição para as crianças, afastando-as do perigo, usando a metodologia do medo, personificando as ameaças em bruxas, ogros, monstros. Conhecidas por contos exemplares, é possível também observar a valorização da esperteza e do trabalho. Os enredos inicialmente tinham um final triste, mas ao longo dos anos foi transformado no "felizes para sempre".

Cinderela foi escrita por Charles Perrault, publicado em 1697 na coletânea Contos da Mãe Gansa, o enredo foi inspirado nas memórias populares italianas da Gata Borralheira. Além disso, existem relatos da garota que vivia entre as cinzas do fogão na Indochina em 860 a.C., citações sobre na comédia Ulissipo de Jorge Ferreira, em 1546, Portugal. O noivo calçar o pé da noiva é um símbolo jurídico do casamento germânico medieval, uma referência ao sapatinho de cristal.

Como não poderia deixar de ter, Cinderela também tem sua versão pela ótica dos Irmãos Grimm, o enredo é bem parecido com o de Charles, mas no lugar da fada-madrinha a ajuda vem dos pombos e da árvore que nasceu no túmulo de sua mãe, a transformação é orquestrada pela própria menina que cita palavras mágicas. No final, as irmãs malvadas tem os olhos perfurados pelos pombos, as deixando cegas. Ainda existem outras versões que afirmam que a fada madrinha é na verdade o espirito de sua mãe e o vestido é um presente do céu.


O enredo foi um despertar de sonhos para as jovens da idade média, tempo em que para pertencer a nobreza, era preciso nascer com sangue real, mas a personagem mostrou que a ascensão se deu por amor, independente de título. Além do amor, podemos ressaltar que o enredo também fala sobre a recompensa após o sofrimento, a vitória do bem contra o mal, a inveja e, por fim, a justiça.

Cinderela é um dos meus contos de fadas favoritos, talvez por isso eu tenha tido contato com tantas versões sobre a mesma história, mas vale sempre ressaltar que o enredo foi construído em outro século, época em que as mulheres se submetiam a muitas coisas por falta de direitos, mas hoje não precisamos esperar o "príncipe no cavalo branco" para sermos salvas, podemos ir a luta e garantir nossos direitos, somos capazes e fortes para combater a opressão. GO GO!



CINDERELA - Coleção Clássicos Infantis - Editora Moderna
Recontado por Giselda Laporta Nicolelis || Ilustrado por Rogério Borges

A narrativa é feita através de rimas cruzadas, pequenos estrofes com quatro versos musicados, vão dando forma ao enredo. Essa versão é bastante enxuta e não se foca no sofrimento da Cinderela, rapidamente passamos pela morte de seu pai e a sua transformação em Gata Borralheira, logo já temos o rei querendo netos e o príncipe solteiro dando o baile. A madrasta imediatamente proíbe Cinderela de participar do evento, por enquanto suas filhas malvadas brigam pelos vestidos e adornos. Sozinha na cozinha a fada madrinha aparece e a transforma na princesa mais bela, Cinderela vai ao baile e depois foge do príncipe. Doente de amor, o rei manda os arautos irem atrás da donzela que conquistou seu filho, após muitas buscas finalmente acham a menina suja de cinzas. E viveram felizes para sempre! As ilustrações são bem realistas e parecem colagens. A edição ainda traz algumas curiosidades sobre a obra original.

"No tal reino, nunca antes 
tantos sinos repicaram...
Cinderela e o príncipe,
de alegria, até choraram."

segunda-feira, 11 de março de 2019

[LIVRO] O Ratinho, O Morango Vermelho Maduro e O Grande Urso Esfomeado - Don e Audrey Wood

O Grande Urso Esfomeado

O que fazer quando um grande urso faminto sente o cheiro de um morango vermelho maduro que um pequeno roedor acabou de colher? Não adianta correr, ou se esconder, o grande urso faminto vai sentir o cheiro daquele morango vermelho maduro e vai achar o bichinho. Em uma fábula divertida e bem humorada, o enredo traz a história da esperteza dos pequenos contra a força dos gigantes.

Indicado para crianças entre 2 e 7 anos, o narrador tem participação ativa no enredo, ao ver o ratinho com uma escada para colher o morango vermelho maduro, ele começa a relatar a história do grande urso faminto, juntos eles tentam encontrar um meio para que o grande urso faminto não pegue o morango vermelho maduro.

O Grande Urso Esfomeado2

A repetição de frases é uma técnica utilizada na narrativa, o que pode ser usado para auxiliar as crianças que estão em fase de letramento. O narrador ter uma conversa direta com o ratinho, permitindo que os pequenos leitores façam parte da história ativamente, observando as expressões do roedor a cada exclamação de como podem salvar o morango, é possível até criar dinâmicas em que a criança crie novas formas de esconder o morango do grande urso faminto.

O Grande Urso Esfomeado3

O ilustrador Don Wood conseguiu dar vida as expressões e sentimentos do ratinho, com pintura aquarelada, Don conseguiu trazer nostalgia ao enredo, lembrando os velhas fábulas que nossas mães liam ao nos por na cama. A escritora Audrey Wood traz realidade aos diálogos, nos transportando ao cenário em que o ratinho faz a sua colheita. No fim, aprendemos que não devemos ter medo, e sim enfrentar os desafios com soluções criativas. RECOMENDO!

sexta-feira, 8 de março de 2019

[SÉRIE] The Good Place

Ah, imagina se no final da vida, São Pedro, dono da chave do céu, pegasse a relação de todas as suas atitudes, as verdadeiras intenções, e desse pontos para cada ação. Se fosse algo positivo somava o valor equivalente a ação, mas se fosse negativo, o valor era subtraído. Um detalhe, ele sabe exatamente quando você faz algo apenas visando a autopromoção, o que faz com que qualquer boa ação se torne péssima se a intenção for errada.

Nessa somatória, Eleanor, Tahani, Chidi e Jason vão parar no bom lugar, algo um pouco contraditório, já que eles não possuem, digamos, um currículo invejável. Cada morador do Bom Lugar recebe uma casa decorada com exatamente tudo que você mais gosta, do jeitinho que vai te garantir a felicidade eterna, incluindo uma alma gêmea, aquele amor feito especialmente para você. A vizinhança tem tudo o que você possa desejar, como lojas de sorvete de iogurte em cada esquina, quem não iria sonhar com isso?! Eu não.

Entre todas as mansões do Bom Lugar, Eleanor recebe uma casinha típica da classe média, com pinturas de palhaços e máquinas de camarão, exatamente o que ela não queria, o que era bastante estranho, pois o lugar devia ser a personificação do que ela mais gostava na vida e nem palavrão ela conseguia falar. A esperança continuava viva, pois cada morador tinha sua alma gêmea e ela deveria ter uma que fosse a combinação perfeita, mas na verdade, é só Chidi, um nerd professor de ética, que não consegue tomar uma simples decisão, o oposto de todos os homens que ela já se relacionou.


A mansão mais luxuosa da cidade é da filantrópica Tahani, uma mulher milionária que investiu toda a sua fortuna em missões humanitárias e organizando eventos para arrecadar fundos para ajudar causas sociais. Uma pessoa maravilhosa, que com certeza deve está no topo dos mais bem pontuados, se não fosse suas brigas constantes com sua irmã e a inveja de seu sucesso. Seu par perfeito é um monge que fez voto de silêncio pouco tempo antes de morrer, e assim Jason permanece nesse silêncio sepulcral até a sua eternidade.

Algo de muito errado estava acontecendo ali, nenhum dos quatro estava com a vida perfeita como prometida por Michael, o arquiteto do Bom Lugar, Eleanor não era essa mulher que todos pensavam, ela não tinha lutado pelos direitos humanos, nem salvado condenados a morte, sem contar que tudo que ela fazia de alguma forma voltava contra todos os moradores do Bom Lugar de forma grotesca. A ida deles para aquele lugar era um engano, só podia ser um engano, não tinha outra explicação, mas ir para o Lugar Ruim não era uma opção, isso não, jamais!


The Good Place consegue falar da vida pós-morte de forma bem humorada, sem almas, ou espíritos zombeteiros, apenas alguns anjos e muito demônios, muitos, mas nada assustador. O roteiro é leve e os episódios são curtinhos, você assiste a série de uma vez sem nem sentir. Os personagens não são caricatos, alguns beiram ao insuportável, mas nada que algumas cenas depois você não esteja gargalhando com alguma constatação que eles fizeram sobre a vida. 

O roteiro é bem construído, a trama é cheia de pontos de virada e nada previsível, quando a gente pensa que vai ficar na mesmice, lá vem uma tirada que você nem imaginava. As piadas são leves, mas bem elaboradas, são simples mas não ao ponto do expectador se sentir um babaca, nem complicados ao ponto do expectador precisar ter um conhecimento prévio de política e filosofia, são apenas piadas leves e bem construídas, que faz com que o público consiga se identificar com elas.


Aliás, é impossível assistir a série e não ter um segundo de auto reflexão, mesmo com o cenário fantasioso e as situações exageradas, questionar o porque é tão difícil encontrar alguém que segure uma porta, dê um bom dia, ou simplesmente sorria com sinceridade, virou algo quase impossível nos dias de hoje. Ou até mesmo encontrar alguém que consiga "ganhar pontos" sem ter uma cadeia de segundas intenções que prejudique o mundo de alguma forma. Que louco! Que real! Calma, já pensou qual foi a última vez que você fez algo sem esperar algo em troco?! RECOMENDO!

sábado, 9 de fevereiro de 2019

[CINEMA] Dumplin


Daqueles longas, tipo sessão da tarde, que você tem vontade de assistir mil vezes, só para ficar com aquele sorrisinho bobo no rosto, mas se engana quem pensa que vai ser mais um clichê de uma adolescente preocupada com o corpo, tentando se encaixar nas imposições da sociedade padrão. Dumplin é a adaptação da obra homônima de Julie Murphy, livro publicado no Brasil pela Editora Valentina (disponível na Amazon com 50% de desconto e de graça no Unlimited).

O enredo vai sendo conduzido através dos ensinamentos e lembranças da Tia Lucy, personagem que tem papel fundamental no desenvolvimento da personalidade da sobrinha Willowdean Dickson, uma adolescente gorda e filha de ex-miss. Will é bem resolvida com o corpo, não tenta se encaixar a qualquer custo nos padrões de beleza impostos pela sociedade, mas lá no fundo ainda precisa trabalhar sua autoestima e sua aceitação.


Piadinhas em relação ao seu peso foram constantes em sua vida, mas sempre soube enfrentar tal situação e nunca se deixou abater por isso, exceto quando é chamada de Fofinha. Apelido carinhoso dado por sua mãe, o adjetivo é só uma forma de criticar o seu peso. Rosie imersa no mundo dos concursos de beleza e do padrão fitness, se envergonha de ter uma filha fora dos padrões e que não pode repetir o seu feito de ganhar a coroa.

Nessa lacuna que existe entre mãe e filha, a figura da Tia Lucy se fortalece como um modelo de comportamento a ser seguido, amadurecendo o caráter de Will, elevando sua autoestima e ajudando a garota a perceber quem ela é de fato e como ela pode enfrentar as adversidades da vida. Mesmo não estando presente, são nos objetos que Tia Lucy deixa, assim como suas frases emblemáticas que ajudam a clarear o turbilhão de pensamentos que passa na cabeça de Will, assim como as músicas de Dolly Parton que acompanham a protagonista em todo o filme.


Em meio a tantos objetos, Will encontra uma ficha de inscrição que sua Tia Lucy preencheu no desejo de concorrer em um concurso de beleza, o mesmo que sua mãe ganhou a coroa. Cansada de ter os padrões ditando o que se pode, ou não fazer, Will se inscreve no mesmo concurso que sua Tia pensou em se inscrever, afinal, o regulamento não cita nada relacionado a peso.

Além do protesto contra os esteriótipos, Will também queria atingir sua mãe de alguma forma, porém o feito causou um efeito dominó, pois outras meninas também desejavam participar do concurso, seja para realizar um sonho, ou apenas para apoiar o seu protesto. Ellen, sua melhor amiga, também aceita o desafio de participar do concurso, uma forma de apoiar sua escolha e se divertirem juntas. Porém ela tem um papel fundamental quando Will começa a sair da linha, e não percebe o quanto está magoando as pessoas a sua volta.


Como todo bom filme adolescente, também tem o bonitão do colégio que todas as meninas são loucas por ele, entre elas a nossa protagonista. Bo trabalha na mesma lanchonete que Will, são nas interações com ele que percebemos o quanto ela é insegura com o próprio corpo, achando que é impossível um homem tão atraente como Bo se apaixonar por alguém como ela. Nesse ponto, Ellen aparece contando que também se sente insegura com o próprio corpo, mas que é necessário saber enfrentar essa situação, para não nos privar de fazermos o que temos vontade.


Um dos pontos fortes é que o enredo não se resume a uma tentativa de romance, ou a uma tentativa de seguir os padrões, mas na construção de uma personagem forte e pronta para lutar por seus ideias, diversas vezes enfrentando até os seus próprios preconceitos. Fica a lição que a normativa aceita pela sociedade não limite nossos passos, ou paralise nossos sonhos, mas que seja só mais um obstáculo que deve ser enfrentado e vencido. O enredo não é apenas maravilhoso, é necessário!


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

[COLA&BORA] Saral#2 | Eu vejo Kate

O primeiro COLA&BORA do ano tinha que ser todo especial, escolhi dois projetos de autores que eu acompanho há algum tempo, seja através das mídias, ou em eventos, dois artistas que admiro e que torço muito pelo sucesso em suas carreiras. O primeiro é poeta da terrinha (Fortaleza/CE), produtor cultural e articulador do movimento de todos os livros serem livres. O segundo é uma autora de suspense, daquelas que você lê uma série de elogios sobre e pensa "eu TENHO que ler essa obra". 

LIVRO - SARAL #2


Talles Azigon é poeta, produtor cultural, editor, mediador de leitura e articulador de movimentos que lutam por uma literatura acessível e livre, seja na liberdade do pensamento, seja na liberdade do objeto livro. Em 2017, lançou Saral#1, uma coletânea de poemas sem preço fixo e sem a interferência de editoras, literatura acessível para todos, independente de localidade, ou classe social.

Após muitos pedidos, o projeto ganha uma nova edição, agora as letras de Talles se misturam com as fotografias de Leo Silva, mas a ideia inicial continua a mesma, literatura livre e acessível. Leo é fotografo, videomaker e escritor, gosta de mostrar a grandiosidade do seu bairro, Jangurussu.

Os apoiadores do projeto, além de levarem para casa o livro, vão poder contribuir para a realização de diversos eventos, como um Sarau na Biblioteca Viva e doação de exemplares para o acervo, ação com o poeta Francélio Figueiredo na Livraria Lamarca, bate-papo na Matinê Tem História, entre outras formas de movimentar a cidade e incentivar a literatura local. 




LIVRO - EU VEJO KATE


Conheci o trabalho da Cláudia Lemes depois de lê diversos elogios sobre suas obras, hoje iniciou a campanha de relançamento de Eu Vejo Kate com direito a continuação inédita e projeto editorial da Marina Ávila. O enredo foi escrito em inglês em uma loucura de 7 dias. Lançado em 2014 de forma independente, relançado em 2015 pela Editora Empíreo, o enredo virou assunto entre os apaixonados por thriller e crime scene lovers, ganhando elogios da criminóloga Ilana Casoy.

A publicação está sendo relançada de forma independente, o enredo traz a história de uma escritora obcecada por um assassino em série, um agente do FBI que mergulhou fundo de mais em suas investigações, e um serial killer morto. Cruel. doido e sanguinário são alguns adjetivos que a autora usa para descrever o livro. Cláudia Lemes já publicou Um Martíni com o Diabo e Inferno no Ártico.

Os apoiadores poderão adquirir a duologia, ou apenas um dos livros, além de marcadores, canivetes personalizados, certificado de crime scene lover, canecas e frete grátis. Nas metas estendidas tem a doação de exemplares em bibliotecas públicas, o box pra quem comprou a duologia, aviso de porta. Sem contar que tem a possibilidade de receber os arquivos do FBI, transcrição de entrevistas e trechos de livros escritos pela protagonista.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

[LIVRO] Quero Colo! - Stela Barbieri e Fernando Vilela

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Depois de serem prontamente iludidos, os livros da campanha Leia Para Uma Criança 2018 finalmente saíram da pilha das "próximas leituras" para dos "lidos". As escolhas dos títulos pelo Itaú trazem os sentimentos como ponto em comum, um traz o conforto e proteção de um colo quentinho, o outro traz o conflito de ser contrariado. Hoje vou falar sobre Quero Colo!, próxima segunda do outro espinhento e seus conflitos.

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Quero Colo! veio como uma leitura obrigatória, em tempos que amamentar é um tabu e acolher os filhos quando choram é errado, o enredo retrata os sentimentos de proteção que sentimos ao receber e dar colo a alguém. Seja de proteção, ternura, conforto, o colinho jamais deve entrar em extinção, deve sempre está disponível para quando for solicitado.

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As ilustrações que acompanham cada momento do enredo são riquíssimas em detalhes e diversidade, retratando características de vários povos e costumes, alem de retratar o cotidiano das pessoas e dos bichos. A escritora Stela Barbieri e o ilustrador Fernando Vilela pesquisaram a forma que as crianças eram ninadas pelo mundo, o projeto se transformou em livro e essas imagens virarão ilustrações.

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Nessa mistura de sentimentos e lembranças, ambos trabalharam no texto e nas ilustrações, foram escritor e ilustrador, usaram lápis preto, pincel, carimbos, o cheirinho do colinho da Vó Elza, as histórias no colinho das tias, os livros no colinho do pai e no carinho do colo da mãe. Assim nasceu  Quero Colo!, uma moldura para esse retrato que é tão significativo.

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sábado, 2 de fevereiro de 2019

[BOA NOVA] Parceria - Escritor Daniel Renattini


Quero compartilhar com vocês uma boa nova, daquelas que enche o nosso coração de expectativas e felicidade. O blog firmou parceria com o autor Daniel Renattini, autor de O Filho do Sol, união que vai trazer muitas ações inspiradoras para os leitores do CB. Quem está empolgado? Eu estou animadíssima! 

Daniel Renattini é formado em Design Digital pela Anhembi Morumbi, escultor, mestre em reiki e apaixonado por dublagem. Admirador de super-heróis desde a infância, sonhava em criar os próprios personagens, até que surgiu o amor pela literatura. Depois das primeiras histórias engavetadas, de um período morando na Nova Zelândia e da orientação de escritores mais experientes, decidiu avançar com a série Herdeiros das Estrelas. O primeiro volume, O Filho do Sol, foi publicado graças ao financiamento coletivo pelo Catarse. Já participou da coletânea de contos Café Express: a história por trás do Oeste, publicado na Amazon, e já escreveu para o site Burn Book e À Paulista.

O FILHO DO SOL - Amazon | Skoob
Para Alex, controlar as emoções nunca foi tão difícil. Com o peso de um novo mundo nos ombros, Alex se vê envolto em uma narrativa de fantasia na qual os super-heróis estão muito mais perto da realidade... E os vilões também. Acompanhado por aliados pouco prováveis, o jovem precisa aprender a controlar o fogo que corre em suas veias, ao mesmo tempo em que percebe que essas descobertas têm um preço que ele ainda não sabe se está disposto a pagar.

FRAGMENTOS ESTELARES - Amazon | Skoob
Fragmentos Estelares é uma antologia que reúne sete contos dentro do universo de Herdeiros das Estrelas, um romance de fantasia urbana. Entre nós, há pessoas capazes de controlar elementos da natureza, como o fogo, a água e o vento, os chamados elementais. Cada conto traz diferentes personagens com seus mais variados dramas, como o medo do desconhecido, o desamparo e a dúvida sobre qual caminho seguir.

CAFÉ EXPRESS: A HISTÓRIA POR TRÁS DO OESTE - Amazon | Skoob
Adentre um faroeste paralelo onde o café é a moeda oficial do Estado e conheça a história de seis personagens icônicos que se conectam e, futuramente, se convergem em duelos épicos pelo futuro da economia em assaltos a trens no jogo de tabuleiro nacional Café Express.

[Cola&Bora] Clube da Caixa Preta | Sociedade das Relíquias Literárias

Tá sentindo? Brisa de bons ventos, gostinho doce de retorno, cheirinho suave de quem está se reconectando ao que nunca deveria ter sido esqu...